Nunca um Classe C foi tão íntimo da esportividade quanto o exemplar que chega agora à linha 2012, desembarcando por aqui após um razoável delay de aproximadamente dois meses, considerando sua apresentação no último Salão de Detroit e consequente lançamento mundial. É o primeiro facelift da quarta geração (ou quinta, quando levamos em conta o 190, de 1982, que deu origem ao Classe C), justamente o meio do caminho até que a próxima geração apareça, por volta de 2014.
O apelo mais evidente na hora de vestir com esportividade um sedã frequentemente estacionado em garagens de senhores na faixa dos 50 anos está no visual, que traz faróis, para-choques e grade dianteira mais ousados. Esta última inclusive aboliu a prática, exclusiva da versão de entrada, de não carregar o símbolo da marca (tarefa antes deixada para o capô), que deixava o aspecto do carro clássico demais. As rodas, sempre de cinco raios, reforçam o novo desejo do Classe C.
7G-Tronic
Enquanto algumas marcas insistem em defender que câmbios de quatro velocidades ainda são bons, a Mercedes aposenta a anterior transmissão de cinco marchas e parte para uma caixa de sete velocidades para o Classe C, a já instalada em outros modelos 7G-Tronic. Ela é sempre acoplada ao motor 1.8 16V turbo de injeção direta, que gera 156, 184 e 204 cv dependendo da versão – C 180, C200 e C 250, respectivamente.
É o típico caso onde se faz exceção à regra. Menos nem sempre é mais. Mais marchas, no caso, significa rodar mais suave, mais poder de aceleração, mais economia de combustível e mais alegria ao volante. No test-drive realizado por estradas no interior de São Paulo, o Classe C 250 CGI Sport rodava a 120 km/h manso, com o motor quase “dormindo” a 2.900 rpm. As paradas no pedágio não significavam perda de tempo: uma investida mais contundente no acelerador já colocava o sedã rapidamente de volta à velocidade de cruzeiro. As trocas de marcha, em condução tranquila, são quase imperceptíveis; numa tocada esportiva, reagem rapidamente – não tão instantâneas como nas imbatíveis transmissões automatizadas de dupla embreagem, mas mais rápidas do que a maioria dos automáticos convencionais. Mas trocá-las manualmente, através da alavanca, continua um incômodo – ao invés de empurrar a peça para frente ou para trás, deslocamos para a direita ou puxamos para a esquerda para subir e descer marchas. Ainda não descobri como esse método facilita algo que já era tão intuitivo.
Merece elogios também o comportamento dinâmico do carro. O Classe C ora é um sedã confortável que protege os ocupantes do caos externo e os coloca num mundo à parte, ora é um automóvel malicioso, com pretensões esportivas. Exemplo: a direção tem respostas diretas quando em movimento, mas é bem leve (sem deixar de ser precisa) em manobras ou velocidades baixas.
Sehr schönes Interieur
Assim com sugere o título acima, o Classe C tem um interior muito agradável. Além do conforto típico de um Mercedes-Benz, há mais indícios sobre a intenção do Classe C em parecer mais jovem à medida que a atual geração, lançada em 2007, vai ganhando idade. O painel agora realça o conta-giros e o velocímetro, que se ligam à tela central. E o ultrapassado acabamento imitando madeira deu lugar ao aço escovado, mais agradável em todos os sentidos. Falar sobre acabamento e qualidade de construção, se tratando de um automóvel da marca, é desperdiçar papel.
Attention Assist e Intelligent Light
Entre os equipamentos, destaque para o Attention Assist, o Intelligent Light e o Comand Online. O primeiro alerta o motorista, com sinais sonoros ou trepidações intencionais no volante, sobre a possiblidade de ele estar dormindo ao volante. Uma xícara aparece no painel, talvez sugerindo que ele ingira café para acordar. O segundo mexe nos faróis do sedã, que se movimentam para os lados conforme a necessidade de iluminação. Há, inclusive, calibrações diferentes para aplicação urbana ou em estradas. Até o farol de neblina entra na dança, ampliando seu alcance conforme a demanda. Destaque também para o Comand Online, que nada mais é do que a navegação na internet a bordo.
Previsões
Segundo as aspirações da Mercedes, cerca de 6.000 unidades do Classe C serão vendidas até o final do ano. A empresa, no total, quer chegar à inédita marca de 10.000 emplacamentos num único ano. Boa parte desse volume virá da versão C 180 CGI, que ficou levemente mais cara em relação ao modelo anterior. Além do Classe C responder por 50% das vendas da Mercedes, a configuração C 180 dominará 60% dos emplacamentos, contra 20% da C 200 CGI e outros 20% da C 250 CGI. Além disso, é por ela que chegam é por ela que chegam 40% dos novos clientes da marca. E quem são os novos clientes? Ex-donos de Honda Civic, Toyota Corolla e companhia.
Há pouco mais de dois meses, a Mercedes lançou no Brasil a motorização CGI (auxiliada por turbocompressor e injeção direta de combustível) para o Classe C. Mal deu tempo de curtir o carro, seus proprietários já viram sua recente aquisição virar coisa do passado. Para a Mercedes, tudo normal, já que quem compra um Classe C é bem informado e sabia da iminente atualização.
O Classe C sedã ganhará a companhia das versões Touring (perua) e Coupe em junho e no último trimestre deste ano, respectivamente. Já a opções AMG chegam entre setembro e outubro. Ainda que os clientes da marca sejam tão bem informados, não custa lembrar.
Fonte: iGCarros