O Mercedes-Benz SLS AMG com suas portas no estilo "asa-de-gaivota" é um carro que faz qualquer queixo cair. Mas que tal então uma versão Roadster, com teto rebatível? Embora não tenha o acesso diferenciado (detalhe visual mais emblemático do cupê), o conversível em “compensação” não muda uma vírgula no que diz respeito a parte mecânica e a performance. Anda igual, mas sem capota. Simples assim... Bom, nem tanto.
O SLS é um esportivo a moda antiga, do tipo bruto. O motor não tem nenhuma assistência de turbo e a transmissão não possui tração integral. Aqui a história é outra. O motor é um enorme bloco 6.2 V8 aspirado de 571 cv e a tração é somente nas rodas traseiras, como nos velhos tempos. Por isso é preciso ter “braço” para guiá-lo, caso queira acelerar com os controles eletrônicos de segurança desligados.
A capota da versão Roadster também segue uma receita típica do passado. Em vez de um teto rígido, artigo da moda entre os conversíveis do século XXI, o SLS tem cobertura escamoteável de tecido. É como a versão conversível do 300 SL, o clássico Mercedes-Benz de 1954 que inspirou o desenvolvimento do carrão da AMG, a ala esportiva da marca. Mas agora é hora de checar se o acelerador funciona.
Acelerando na pista
Para mostrar o desempenho do SLS Roadster, a Mercedes-Benz escolheu um autódromo em Piracicaba (SP), o ECPA, devidamente “travado” com chicanes para ninguém abusar e consequentemente destruir o carro. Não é difícil se empolgar a bordo dessa máquina. Eu mesmo confesso que soltei um “uhu!” de emoção na primeira acelerada forte que dei.
A forma como o SLS ganha velocidade é impressionante e mais ainda é o ronco do motor V8 em ritmo acelerado. Esse efeito é acentuado pelo fato de a capota estar aberta, o que também amplia a sensação de envolvimento com a pista e o carro. É muito empolgante, de fato.
Falamos ainda de um veículo com tração traseira e cujo motor gera uma “pancada” de 66,2 kgfm de torque máximo. É uma combinação que permite fazer curvas das mais emocionantes, ao estilo drift. No entanto, isso não é possível com a eletrônica acionada, que reage prontamente a qualquer indício de falta de tração em alguma roda, corrigindo a rota. Perde até um pouco da graça, mas é muito mais seguro.
Já o câmbio do SLS é uma caixa automática de 7 velocidades com dupla embreagem. Nota-se que o carro “puxa” com muita força até a 5ª marcha. As seguintes servem para melhorar o conforto e o consumo, ou também para proporcionar um fôlego extra quando o carro se encontra além dos 300 km/h. Mas para isso é preciso mais espaço, o ECPA não basta, e mais insanidade dos assessores da Mercedes, no nosso caso.
O SLS também vem com freios esportivos, que chamam atenção pelo tamanho dos discos, maiores até que rodas de carro populares, geralmente aro 14” ou 15”. O exagero do tamanho das peças é justificado pelo desempenho do modelo, que segundo a montadora acelera do 0 aos 100 km/h em apenas 3,8 segundos e alcança a velocidade máxima de 317 km/h. Em nossa avaliação, com a pista delimitada, não passamos dos 160 km/h. Que tristeza...
O preço do “brinquedo”
O SLS é uma fera brutal quando se pisa fundo, mas indo devagar é uma “moça”. Tem direção leve e o campo visual é amplo, sem falar de sua relativa capacidade em não raspar tanto em valetas e lombadas, o calcanhar de Aquiles dos superesportivos. Por esse simples motivo ele já se torna um carro mais prático. É possível, por exemplo, ir ao trabalho ou a padaria sem medo de comprometer o assoalho e os para-choques. Com uma Ferrari ou um Lamborghini, alguns dos rivais deste Mercedes, é mais complicado.
Também conta a favor do modelo a experiência da marca alemã no campo do conforto e sofisticação. Os dois bancos possuem acabamento impecável (o “nosso” tinha couro vermelho) e são confortáveis como o de um sedã, mas a posição muito baixa uma hora cansa. A lista de mimos inclui ainda ar-condicionado digital, que funciona até com caporta aberta, sistema de som Bang-Olufsen com 11 alto-falantes, navegador GPS e airbags frontais e laterais.
O preço? US$ 515 mil. Com o dólar a R$ 1,85, por exemplo, o brasileiro paga R$ 953.780 pelo carro – o SLS cupê custa US$ 490 mil. E acredite, esse valor não é tão alto para um veículo deste gênero. Os concorrentes italianos, como comparação, custam mais de R$ 1,2 milhão, quando não mais R$ 2 milhões, o suficiente para comprar o SLS Roadster e o asa-de-gaivota, ou então dois Roadster, um de cada cor.
Fonte: iGCarros